terça-feira, 23 de abril de 2013

Seleção de um parceiro

     Ao mesmo tempo em que as oportunidades vocacionais atraem o jovem adulto, o mesmo se passa em relação à escolha de um(a) parceiro(a) e ao estabelecimento de um lar. Não obstante o facto de que estas realizações acarretam dificuldades e riscos, elas contribuem substancialmente para o ajustamento à vida adulta.
     No final da adolescência ou no início da fase adulta, é normal ocorrer uma atração duradoura por outra pessoa. Essas ligações são, frequentemente, mútuas e providenciam uma enorme gratificação ao ego, bem como promovem sentimentos de bem-estar e segurança. A percentagem de parcerias e romances que conduzem ao amor mútuo e ao casamento atinge o seu pico no início da vida adulta. O desejo universal de amar e ser amado encontra a sua satisfação completa no casamento. Apesar de muitas pessoas, com pouco mais de 20 anos, ser suficientemente maturas para assumirem responsabilidades conjugais e parentais, uma boa quantidade ainda não o está. O desejo de segurança pessoal, assim como pressões parentais, influenciam muitas jovens a casarem-se durante a primeira fase da vida adulta. A gravidez é outra razão bastante frequente para um casamento precoce. Assim, a aceitação voluntária deste novo papel pode ser questionada em muitos casamentos, especialmente nos que se realizam muito cedo.
     O tempo necessário para completar a maturação adolescente cognitiva, emocional e social, aumentou com a complexidade da nossa tecnologia e cultura e com os crescentes níveis de vida. No século XX, a duração da adolescência aumentou em cada geração. Uma vez que o sucesso de um casamento depende de um certo nível de maturidade, cada aumento no período de adolescência implica um período mais prolongado de espera antes do matrimónio. Desde o início da década de 1950 que cada geração tem-se vindo a casar em idades cada vez mais baixas. Aparentemente, muitas pessoas casaram-se antes de estarem psicologicamente preparadas para fazê-lo com sucesso. Muitas vezes os casamentos são precedidos por um período muito curto de noivado, desta forma aumentando as possibilidades de incompatibilidade entre os envolvidos. Estas preparações inadequadas para o casamento são causas que contribuem para a discórdia, separação e um divórcio dentro de pouco tempo.


     A expectativa de felicidade conjugal muitas vezes é abalada por questões psicológicas, sendo uma delas a relação de domínio entre os dois cônjuges. Se cada cônjuge tem uma forte tendência a dominar o outro, é difícil estabelecer congruência entre os dois. Também pode ser observado um exemplo de incongruência na luta por independência entre os dois cônjuges. A falta de semelhança de interesses apresenta-se como um outro grande obstáculo à partilha de vida conjugal. O comportamento neurótico e as dúvidas a respeito da fidelidade do parceiro, muitas vezes, provocam ira ou ciúme e põem em risco a estabilidade conjugal. Finalmente, a ineficácia na comunicação torna muitos outros problemas insolúveis.

Superação da Imaturidade

     A capacidade e a motivação para responder de maneira adulta às várias circunstâncias é uma importante tarefa no desenvolvimento adulto. Uma resposta madura implica que tenham sido vencidas as tendências infantis e adolescentes. A procura constante de apoio é uma indicação de desamparo. A irritabilidade frequente e as explosões emocionais como respostas ao desapontamento ou à frustração, são reações adolescentes. A busca constante de excitação e alegria também são sinais de infantilidade. Se um nível de adolescência se enraizar demasiado na personalidade do indivíduo, este será prejudicado, mais tarde, ao assumir as responsabilidades de um adulto.
     A frustração pode ser um dos principais fatores para um desenvolvimento positivo. Quando a sociedade frustra os desejos imaturos dos adolescentes, estes vêm-se “obrigados” a utilizar um comportamento mais adulto. Por outro lado, se o comportamento infantil se revelar gratificante e se as pessoas que rodeiam o jovem reforçarem esse comportamento imaturo, haverá pouco propensão para entrar no mundo adulto. Nos anos de pós-adolescência, muitos jovens aprendem a construir uma “fachada” de maturidade, mas internamente, com muita frequência, sentem ansiedade. Evitam fazer frente aos seus problemas e usam a fantasia ou a doença como desculpas para escapar a situações desafiadoras.
     O progresso para um nível adulto de atuação é muitas vezes desmoronado por ansiedade, impulsos conflituosos e uso excessivo de métodos defensivos. À medida que o período adulto progride, vão desaparecendo as dúvidas normais sobre a identidade e o próprio valor de cada pessoa. Isto acontece porque a pessoa recebe de outros adultos a confirmação da sua aceitação.
     Para conseguir um padrão de comportamento adulto, o jovem tem de vencer os obstáculos que visam fomentar o desenvolvimento de algumas características próprias do adolescente.

domingo, 21 de abril de 2013

Teoria triangular do amor

     Pelo inicio da idade de um jovem adulto, este encontra-se normalmente inserido em três grupos distintos, o eu como indivíduo, o eu como trabalhador e o eu como membro de uma família. 
Vê-se assim construído o "relógio social" em que vive e é o espaço de tempo psicológico em que o jovem adulto toma consciência de ter chegado cedo, tarde, ou no momento correto aos marcos importantes da sua vida. Daqui advém o sentimento de realização, ou por outro lado de frustração por ter ou não conseguido. Devido a estes relógios sociais temos a percepção do nosso desenvolvimento em comparação aos que nos rodeiam, esse desenvolvimento dá-se com a habilidade de introspecção, capacidade de analisar, detectar problemas e resolve-los. Nisto vemos construída a nosso personalidade e aquilo que nos define.
     Durante este mesmo início, romance, amor, filhos, casamento, são frequentemente predominantes na vida, o desenvolvimento e o caminho de relações é enfatizado. Segundo Erikson a procura por intimidade é o problema crítico destas idades. Ele considera estas idades como o tempo da dualidade entre a intimidade e um estado de isolamento, que coincide com a preocupação de desenvolver relações próximas com outros.
Está intimidade entra em confronto com vários aspectos, o altruísmo, ter que sacrificar gostos/necessidades próprias em prol de outros, uma devoção serrada, delineada com esforços para fazer com que a identidade se funda com a do "outro". Sendo uma linha de pensamento contestada por especialistas em desenvolvimento devido às condições em que tinha sido feitas as experiências, como é o caso de a teoria ser mais focada nos homens e o facto de Erikson ver a intimidade com algo único dos heterossexuais, não deixou mesmo assim de exercer a sua influencia.
     Toda esta base ajudou-nos a situar as características principais de um jovem adulto permitindo agora explicar a teoria triangular do amor com o entendimento apropriado. Robert Sternberg's criador desta teoria, atribui ao amor três componentes:
  • Intimidade - Abrange sentimentos de proximidade, afeto e conectividade.
  • Paixão - Engloba todas as motivações relacionadas com o sexo, aspectos físicos e de romance.
  • Compromisso - Reúne a consciência de que se ama com a decisão do longo prazo para fazer prosperar esse amor.
    Não existe amor quando falha algum destes três componentes. Aquele "gostar" desenvolve-se quando está apenas presente a intimidade. O amor apaixonante e exaustivo para aqueles que apenas sentem a paixão. E  por fim um amor vazio para os que apenas tem em vista o longo prazo o compromisso.     
     Mas nem tudo é mau, Sternberg's definiu também quatro estados para a inter-relação das três componentes que passo a apresentar.
  1. Um amor romântico quando apenas estão presentes a intimidade e a paixão.
  2. Companheirismo ocorre quando existe apenas intimidade conjugado com o compromisso.
  3. Irracional sempre que se pensa a longo prazo e apenas existe paixão na relação.
  4. Por último mas não menos importante, o que todas as relações tentam atingir, um amor consumado onde todos os três componentes estão presentes e em prefeita harmonia.
    Não quero com isto dizer que o amor consumado é o amor ideal, todas as relações tão fortemente marcadas por mudança e o gênero de relação que se vive no momento pode variar ao longo da vida. Apenas a paixão tende para um declínio constante ao longo dos anos até deixar de existir.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Geração à rasca!

     Nos últimos anos, o mundo tem vindo a atravessar uma grave crise económica que não mostra muitos sinais de abrandamento e que colocou vários países à beira da “falência”.
     A faixa etária, provavelmente, mais afetada por esta crise é precisamente a do jovem adulto, aquela na qual as pessoas tentam entrar para o mercado de trabalho de modo a poderem assegurar um futuro estável.

Portugal é um dos países mais afetados por esta crise, encontrando-se profundamente endividado. Uma das consequências de tudo isto é o facto de Portugal ser um dos países da Europa com maior taxa de desemprego, e com a agravante de, Portugal formar e licenciar milhares de profissionais e estudantes todos os anos.

    Assim, nos dias de hoje, os jovens adultos portugueses, bem como os de muitos outros países preocupam-se cada vez mais em tentar arranjar um emprego a todo o custo, o que se revela deveras difícil pois o número de profissionais e licenciados aumenta de ano para ano, ao contrário do número de oportunidades de emprego, que é cada vez mais baixo, tornando Portugal no 3º pais com mais trabalhadores precários.

    Com a acumulação de todos estes fatores, foram surgindo e sendo organizadas um conjunto de manifestações, tanto em Portugal como em muitos outros países, que ficaram conhecidas pela expressão e pelo nome “Geração à Rasca”, tendo o seu ponto alto no dia 12 de Março de 2011. Este nome surgiu através de um jogo de palavras usado para descrever a geração que protestou durante os anos 90, apelidada «Geração rasca» aquando das manifestações estudantis contra o aumento das propinas.

A iniciativa inspirou-se na canção dos “Deolinda” de 2011, "Parva que sou", que fala sobre a precariedade laboral que afeta milhares de portugueses. Um evento da rede social Facebook e um blogue, foram o ponto de partida para um movimento de protesto, autointitulado "apartidário, laico e pacífico", que reivindicava melhorias nas condições de trabalho, assim como o fim da precariedade.

     O manifesto pelo qual a manifestação se regia incitava à participação de todos aqueles que se opusessem à deterioração das condições de trabalho e ao desmantelamento dos direitos sociais.

Assim, o Protesto da Geração à Rasca, que uniu cerca de 500 mil pessoas nas ruas de todo o país e no estrangeiro, foi uma manifestação clara e inequívoca da vontade das pessoas e serviu ainda para representar a enorme diversidade de motivações e propostas de solução existentes no seio da população.







Internet e os jovens adultos


     Um estudo realizado nos Estados Unidos pela Pew Research Center, mostra que a Internet ocupa agora o espaço que era da televisão como a principal fonte de informação. Entre os adultos jovens, a rede já é líder.
     Atualmente, 41 % da população americana prefere a Internet para a pesquisa de informação, notícias, etc. representando um crescimento de 17 pontos percentuais desde 2007, enquanto a televisão, ainda líder na preferência geral, registrou 66% – bastante menor que os 74% que ostentava em 2007.
O estudo também mostra como a leitura de jornais de papel tem caído bastante, detendo apenas 31% da preferência dos “consumidores de informação”. O Rádio tem apenas 16%.
   
     Os dados mais interessantes da análise aparecem quando filtramos os entrevistados por idade. Pela primeira vez, a Internet é a fonte primária de notícias dos americanos entre 18 e 29 anos (jovens adultos). Segundo a PRC, cerca de 65% destes entrevistados prefere a rede mundial como fonte de informação, quase o dobro dos 35% que declaram o mesmo em 2007 – nesta faixa etária, a televisão caiu de 68% para 52% na sua preferência.
De quem é a culpa? Razão para estes dados? Podemos atribuir parte da culpa às redes sociais, sendo este o lugar preferido dos jovens para compartilhar conteúdo em tempo real. Além disso, o facto de a internet quebrar barreiras como espaço, tempo e idioma, conta como pontos a favor para a preferência por informações via online.
            Não é por coincidência, que o facebook e twitter explodiram em popularidade a partir de 2008. Enquanto os usuários da rede social de Mark Zuckerberg (fundador do facebook) eram uns simples 30 milhões em 2007, este ano superaram os 600 milhões. O twitter por sua vês vai já com 90 milhões de usuários, e ganha 5 mil novos deles a cada dia.
            É evidente que a internet tem um lugar preponderante nas novas gerações, e nas gerações de jovens adultos da atualidade  O facto de a velocidade e a quantidade de informação encontrada ao nosso dispor ser tão vasta, faz com que seja exigido mais dos jovens adultos, pois na procura de emprego e na sua formação, tem de existir uma constante atualização de conhecimentos, realização de formações, por forma a possuir um meio de ação cada vês mais diversificado. Em termos fisiológicos e cognitivos a internet exerce um grande impacto. Com a corrente de conhecimentos surgem novos medicamentos, novas formas de treino, novos métodos para a realização de exercício físico, dando asas a uma rede bem mais complexa de conexões, de "relógios" sociais afetando assim o desenvolvimento humano em ambos os níveis de carácter cognitivos e fisiológico.

fontes: http://www.fayerwayer.com.br/2011/01/internet-se-encaminha-para-destronar-a-tv-como-principal-meio-de-informacao/

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Em jeito de conclusão...

      O desenvolvimento da  inteligência fluída, baseada nas condições neurológicas, diminui a partir do início da idade adulta, mas a inteligência que se baseia na experiência e aprendizagem aumenta durante ou após a idade do jovem adulto. Existem vários factores que influenciam as condições cognitivas e as variações entre as habilidade.
      Alguns teóricos sustentam que a inteligência assume formas distintas no jovem adulto. Hoyer propôs que as habilidades fluídas são usadas essencialmente em campos de conhecimento especializado. Existe de facto uma transição neste período, que leva ao pensamento relativista, ou seja a integração da emoção e intuição com a lógica, e a interpretação da informação à luz da experiência. A capacidade de resolver problemas práticos, aparece na sua plenitude quando o ser humano entra na fase do jovem adulto, atingindo no fim desta fase o seu pico.
     As habilidades cognitivas permanaecem em bom estado, na idade que temos vindo a falar, a não ser que algumas habilidades não sejam exercitadas, essencialmente aquelas que requeiram velocidade. O QI costuma aumentar, assim como o vocabulário disponível. Ocorre perda de memória, embora seja insignificante em relação à maioria das fases que se seguem.
     Segundo Gardner, o desempenho criativo depende não só de atributos pessoais e forças ambientais, mas também das habilidades cognitivas. O declínio na criatividade aparece com a idade apesar de não se saber ao certo a partir de que idade começa esse mesmo declínio. Por outro lado as idades do apogeu variam conforme a ocupação indivíduo.



Histórias de vida (Filipe Martins)

 O meu nome é Filipe Martins, natural de Tadim em Braga, e atualmente a viver em Vilaça na mesma cidade. Terminei os meus estudos do secundário com 17 anos e numa perspectiva de futuro decidi ingressar no ramo das forças armadas, mais especificamente na Academia Militar. Tomei a decisão tendo em vista vários pontos, monetário, o poder servir o meu país e tendo em vista um futuro estável com emprego garantido e com possibilidades de criar família de forma segura. Não correu da forma como esperava, as expetativas não eram muito realistas face aos percurso de formação que tinha a percorrer, o que me levou a sair. Se foi o mais acertado? Não sei, e procuro não pensar, do mesmo modo que decidi ingressar na Academia Militar e desistir de uma vida diferente como o percurso universitário normal, também tomei a decisão de sair.
   O meu fascínio pela vida militar levou-me a no ano consequente ingressar novamente na vida militar, desta vez alistei-me para fazer a recruta no exército. Talvez porque sempre pensei não ficar pelo básico, e também devido a inspirações de outros familiares que pertenceram ao ramo, ingressei no Centro de Tropas de Operações Especiais e terminei a recruta e o curso da especialidade com sucesso.
   Depois de algum tempo nas forças e claro sempre a pensar no futuro, (Que fazer da vida?; Como vai ser daqui em diante?), tomei consciência que ao fim de seis anos e depois de esgotar a possibilidade de renovar contrato, seria mais um desempregado apenas com o secundário completo no seu ciclo de estudos, e não teria algum gênero de formação que me permiti-se exercer a vida de um cidadão normal com o objetivo de vingar no futuro. Por este motivo rescindi contrato, voltei a estudar com afinco para realizar o exame nacional de matemática, e assim poder inscrever-me na Faculdade de Desporto da UP. Até esta parte correu bem e consegui entrar, estou no primeiro ano e a dar seguimento à minha formação.
   Perspectivas para o futuro, não são as melhores, o país está mau, arranjar "emprego" também, sim porque trabalho existe emprego estável com um ordenado confortável é que não. Mas acredito que com empenho e dedicação hei-de conseguir algo, o importante é focar-me em extrair o máximo de informação daqui e usar isso numa possível carreira. As forças armadas ensinaram-me muito apesar de ter sido um precalço, devido à decisão que tomei que teria sido o caminho se a escolha fosse diferente. Vejo-me com 20 anos agora e procuro apenas terminar o curso e nos tempos que correm apenas apenas vejo um caminho, fazer um esforço extra, e durante o tempo em que recebo formação, tento aplica-la. Como? Dando treinos, fazendo formações extra à faculdade, procurando estabelecer relações, conhecimentos para que ao terminar o curso não seja o terminar de um ciclo mas apenas um seguimento do que vinha a fazer até então.
   Com a experiência que adquiri é assim que vejo a saída, mas tenho consciência que colegas meus, apenas se vêm a terminar o curso e a ir para o desemprego, quando a meu ver o curso de ciências do desporto não se torna o caminho mas apenas uma ferramenta de onde posso tirar instrumentos e usar no mercado de trabalho.
   É com a entrada na idade correspondente ao jovem adulto que começo a olhar com clareza para aquilo que pretendo no futuro e a ter a capacidade de raciocinar logicamente e resolver problemas abstratos, tais como a decisão de ingressar na vida militar ou a simples escolha do curso universitário que pretendo seguir.


Histórias de vida (Duarte Grego)

O Meu nome é Duarte grego, sou natural de Borba, (Alentejo), tenho 26 anos.
Neste momento, o meu presente passa pelo curso de ciências do Desporto na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Terminei o secundário com 17 anos e foi também com esta idade que ingressei no curso de Engenharia Biológica e Alimentar na Escola Agrária do Instituto politécnico de Castelo Branco.
Penso que é importante definir alguns pontos, com o objectivo de situar quem nos acompanha. As perguntas que me colocam frequentemente são: O porquê da escolha do primeiro curso em que ingressei? O porquê de ingressar no atual curso? E qual o meu objectivo, neste desafio?  De certa forma são questões muito importantes no que diz respeito à mudança dos atributos cognitivos na idade que corresponde ao jovem adulto.
Maior parte dos jovens que terminam o secundário e pretendem ingressar no Ensino Superior não têm definido qual o caminho que querem seguir nas suas vidas. Atendendo que é provavelmente uma decisão que perdurará para toda a vida, não pode ser ou pelo menos não deve ser uma decisão tomada de ânimo leve. É com 17, 18, 19 anos que esta escolha tem de ser feita.
Passando ao meu caso em especial, posso dizer que terminei o Ensino Secundário com uma boa média, que me permitia ingressar em muitos cursos. Aqui surgem as primeiras dúvidas, ou ingresso num curso que me completa e realiza ou por outro lado ingresso num curso que possivelmente me dará maior possibilidade de entrar no mercado de trabalho. Optei por escolher o curso de Engenharia Biológica e Alimentar, uma vez que me dava grande possibilidade de entrar rapidamente no mercado de trabalho após a sua conclusão.
Com 22 anos termino o curso e começo de imediato a trabalhar numa empresa que estava inteiramente relacionada com a área no qual me tinha formado. Ao fim de dois anos e meio de estar na respectiva empresa e já com 25 anos começo a perceber que provavelmente era naquela área que iria passar grande parte da minha vida a qual não me satisfazia pessoal e profissionalmente. Neste momento percebi que a minha escolha tinha sido errada e que na realidade deveria ter optado por um curso com o qual me identificava e ao entrar no mercado de trabalho me trouxesse um sentimento de realização e satisfação com o que fazia.
Com 25 anos ingresso no curso de ciências do Desporto, área pela qual sempre fui apaixonado e esta sim me preenche enquanto ser humano.
Neste sentido e baseado na minha experiência penso que a importante escolha do curso em que queremos ingressar, é feita na maioria dos casos numa idade em que ao nível dos atributos cognitivos do ser humano e face à inexperiência em relação ao mercado de trabalho este ainda não está preparado para a fazer. É com a entrada na idade correspondente ao jovem adulto, entre os 22 e 24 sensivelmente que os jovens depois de passarem por algumas experiências e amadurecerem começam a ter condições cognitivas para definir realmente qual o futuro que querem para as suas vidas.  

Histórias de vida (Luís Monteiro)

O meu nome é Luís Monteiro, sou natural de Santo Tirso e neste momento frequento o curso de Ciências do Desporto na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Cresci a jogar futebol e desde cedo coloquei como meta e objectivo, ser profissional de futebol. O meu percurso no futebol de formação foi pautado pela excelência, representar a selecção nacional de futebol, vencer o campeonato nacional de iniciados e ser cobiçado por os maiores clubes do nosso país, faziam-me perspectivar e acreditar num futuro como profissional. Aos 19 anos, abandonei a escola, uma vez que recebi um convite para jogar futebol no Clube Atlético de Macedo de Cavaleiros. Esta situação obrigou-me a fixar residência em Macedo de Cavaleiros. Esta foi uma fase difícil da minha vida, uma vez que nunca tinha deixado a minha casa e a minha família. A minha ida para Macedo de Cavaleiros prejudicou o meu percurso escolar, dado que tinha treinos bi-diários e ficava assim impossibilitado de frequentar a escola e neste sentido impedido de concluir o ensino secundário.
Dediquei-me continuamente ao futebol, sempre com a ideia de chegar a um patamar elevado, patamar esse que me permitiria viver numa situação de auto-sustentação. Durante alguns anos acreditei que ia concretizar esse objectivo mas chegado aos 23-24 anos e devido a vários infortúnios percebi que tal não seria possível. Com esta idade ingressei pela primeira vez no mercado de trabalho, fazendo do futebol apenas um hobby. Iniciei a minha actividade profissional como Bobinador, numa empresa têxtil. Passados seis anos nesta actividade percebi que este trabalho não me realizava profissionalmente, comecei então a perceber que não era este o futuro que queria para a minha vida. Com maior maturidade e depois de não conseguir concretizar um “sonho” que tinha desde criança, decidi dar um novo rumo à minha vida. Inicialmente passou por concluir o 12ºano para posteriormente poder candidatar-me ao ensino superior e ao curso que hoje frequento. Tive um passado ligado ao desporto, particularmente no futebol, e é nesta área que pretendo trabalhar no futuro.
As capacidades cognitivas do ser humano desenvolvem-se bastante nos primeiros anos de vida e continuam em contínuo desenvolvimento até idades ainda incertas. Diversos estudos apresentam também diversos resultados quanto à idade em que as capacidades mentais se desenvolvem. No meu caso, a forma como comecei a perceber, de forma clara e realista, aquilo que queria para o meu futuro, coincide com a entrada na idade correspondente à fase do jovem adulto. Com a entrada nos 25/30 anos passamos a ter uma maior maturidade para agir e tomar decisões por nós próprios com clareza e focados num verdadeiro objectivo. A experiência adquirida é algo que nos permite ganhar assertividade e consciência das acções que passamos a tomar.

A importância da experiência na tomada de decisão

      A vida é feita de escolhas, escolhas essas que são muitas vezes determinantes naquilo que o ser humano é e em que se tornará.
      Com o passar dos anos e consequente desenvolvimento mental, o ser humano decide e actua com maior responsabilidade, sendo na maioria dos casos mais assertivo. Os textos que se seguem apoiam esta lógica, são histórias reais que nos mostram a evolução cognitiva de três indivíduos cuja experiência e maturidade permitiu olhar para o mundo e para o seu futuro com maior clareza.
       O objectivo destas histórias assenta em testemunhos que nos fazem perceber a evolução do ser humano e a percepção da sua própria essência.